Dia Mundial do Alzheimer - 21 de Setembro
Testemunho de pessoa com Alzheimer - Esta sou realmente eu?
"É a minha maior tristeza... Tenho 62 anos e sinto-me num lugar onde num pensei chegar. Sou esposa, mãe e avó.
Sinto que a minha mente é um nevoeiro, os meus dias parecem vazios.
Não posso trabalhar, o futuro parece sombrio e a minha memória está a fugir...
Sempre fui ativa, tinha um negócio e trabalhei sempre muito para ter o possível, fazia muito pela comunidade...
Dizem para eu ler e escrever que me fará bem. Mas como posso eu lembrar de fazer isso?... Por vezes sento e não faço a mínima ideia do que estou ali a fazer.
Mas sei que o meu marido está sempre aqui comigo, mesmo quando me revolto e não ajo da forma como me conhecia..."
Jan Richie, 2005
Afinal, o que é o Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e progressiva causada por uma perda acelerada das células cerebrais. Esta tem como consequências alterações nas funções cognitivas como o raciocínio, memória, orientação espacial e temporal, linguagem e na dimensão afectiva e comportamental. Todas estas modificações têm prejuízo na funcionalidade da pessoa, provocando mudanças no dia-a-dia que com o avançar do tempo se vão tornando incapacitantes, levando à dependência total.
Prevalência
O Alzheimer é a demência mais frequente e é responsável por cerca de 60% a 70% dos casos de demência.
Com a idade aumenta a incidência desta doença e considera-se que em 2025 as demências afectaram 40 milhões de pessoas. E considerando que o aumento da população envelhecida está em crescimento desproporcional pode esperar-se a duplicação deste número.
Em 2010 em Portugal estimava-se mais de 70 mil doentes com Alzheimer e estes dados podem dever-se não só ao aumento e incidência das pessoas com mais de 65 anos como pelos avanços na metodologia no diagnóstico.
As manifestações do Alzheimer na progressão da doença
Demência inicial:
Há sinais presentes, contudo subtis, que se iniciam de forma muito gradual,fazendo com que por vezes as pessoas ao redor da pessoa com Alzheimer considere que são processos normais do envelhecimento.
- Falta de interesse por actividades de lazer e por coisas novas,
- Apatia e falta de energia,
- Tomada de decisão e de julgamento condicionada,
- Acusar pessoas de "roubar/tirar" coisas perdidas,
- Dificuldade na gestão do dinheiro,
- Dificuldade em reter acontecimentos recentes.
Demência moderada:
O comprometimento funcional é evidente e torna-se incapacitante.
- Tornar-se muito repetitiva e não conseguir reter acontecimentos novos,
- Negligenciar a higiene e alimentação,
- Comportar-se fora dos parâmetros normativos da sociedade, como ir para a rua de pijama,
- Desorientação no espaço e no tempo,
- Deixar panelas ao lume e/ou esquecer-se de desligar o lume/gás.
- Andar pela rua e perder-se, principalmente à noite, ou quando está fora de ambientes familiares,
- Sentimentos de angústia e agressividade por se sentir frustrada.
Demência avançada:
É o momento de dependência total e de todo o cuidado...
- Incapacidade de recordar situações ocorridas minutos antes,
- Ficar perturbada durante a noite e agitada,
- Ficar agressiva quando se sente ameaçada,
- Perder a capacidade de comunicar verbalmente,
- Necessidade de ajuda total a vestir, alimentar e higienizar,
- Procurar por pessoas falecidas,
- Perda da mobilidade.
Sugestão de apoio
- Recomendamos a Página do Alzheimer Portugal - Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer onde se pode informar sobre a doença, procurar testemunhos dos cuidadores informais, eventos e formações, e apoio para combater o estigma sobre esta doença e como lidar com as pessoas com Alzheimer.
- Recomendamos, também, ver este pequeno momento entre uma avó com Alzheimer e sua neta.
- https://youtu.be/tQHyHspzybM
Dica para família e pessoas com demência:
Criar um álbum de fotografias e lembretes para ir consultando.
Serviço de Psicologia
Ana Marques
Referências:
Cummings, J. & Cole, G. (2002). Alzheimer Disease. Journal of the American Medical Association, 287 (18), 2335-2338.
Sá, M. (2009). Neuropsicologia Clínica: Compreender as Doenças Neurológicas. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa
Sequeira, C. (2007). Cuidar de Idosos Dependentes. Coimbra: Quarteto Editora.
CASTII, UnIFai, Câmara de Santa Maria da Feira (2013). Cuidar de quem Cuida - Manual de Doença de Alzheimer
https://www.dementia.org.au/about-dementia/resources/stories/is-this-really-me
https://alzheimerportugal.org/pt/